Entrevista com a mamãe do Meu Filho Cão
Angélica Pinheiro, é uma sorridente jornalista paulista de 40 anos, que trabalhou por 14 anos em redações dos jornais online iG, Terra e G1, como repórter e editora e que depois de uma passagem de dois anos pelo Facebook, hoje trabalha como chefe de comunicação de uma empresa pública do Governo do Distrito Federal.
Mas ela está por aqui hoje por conta de seu trabalho com o site
http://meufilhocao.com.br/ e de seus três filhos: os auaus Theo (a cara da minha Mumu!!) e Toddy e pequena Duda, a mana humana que veio alegrar a vida da família.
Toddy foi adotado em 2011 e no ano seguinte foi a vez do Theo ganhar um lar. Cinco anos depois, em fevereiro de 2017, nascia a princesa Maria Eduarda. Tive o desejo de entrevistar a Angélica como meu presente de Dia das Mães para todas nós porque ela é a “mãe de verdade“, a mãe de criança, aquela a quem muitos citam quando querem desmerecer as mulheres que optaram por uma vida sem filhos, mas também é mãe de cachorro, preocupada com as necessidades de toda a turminha sob seus cuidados amorosos.
Sempre achei muito reconfortante observar mães de crianças que continuam a amar e zelar pelos animais sob seus cuidados, incluindo-os na lista de seus filhos (assim como muitas vovós queridas!). Essas mulheres nos ajudam a quebrar o estigma de que chamar animais de filhos é coisa de gente maluca que não sabe lidar com pessoas (sejamos francos, tem muita gente cheia de filhos e netos que não lida bem com humanos, animais e nem com elas mesmas, né não?). Sim, crianças são maravilhosas, são o futuro do planeta, mas por que tanta crítica a quem chama seus bichinhos de filho?
Como defendo, zelar pelos nossos animais passa majoritariamente pelo RESPEITO A SUAS ESPÉCIES (quais sejam), tratando-os como bichos que são, não como mini humanos. Quem ama, respeita!
Portanto, um feliz dia da mães para todas as mulheres que cuidam de alguém, sejam seus filhos naturais, adotados, de outras espécies, ou mesmo de seus próprios pais e parentes idosos, que invertem o ciclo da vida e viram crianças antes de nos deixar definitivamente.
Vamos à entrevista? Ela está deliciosa e é uma AULA sobre respeito entre espécies e amor de mãe.
Mamãe Angélica, fiquei ainda mais sua fã depois de te conhecer melhor! Muito obrigada pela participação, parabéns pelo empenho diário para educar a turminha e beijocas mil para você e suas crianças.
Blog Mãe de Cachorro: Ao engravidar da Duda, você sofreu pressões ou preconceito para tratar seus cães de maneira diferente ou até mesmo se livrar deles?
Angélica: Não houve uma pressão explícita como, por exemplo, “você precisa doá-los” ou coisa parecida. Até porque a minha família sabe que eu nunca faria isso. No entanto, ouvi perguntas mais sutis, como “Os cachorros vão ficar perto da bebê?”, “Como será quando ela chegar?”, ou “Eles vão continuar a subir na sua cama?”. A todas essas perguntas sempre respondia: “Eles terão o mesmo espaço que sempre tiveram.”.
Blog Mãe de Cachorro: Que mudanças a família sofreu com a chegada da Duda?
Angélica: Houve algumas mudanças sim, porque tínhamos consciência de que com a chegada de uma recém-nascida, nosso tempo ficaria mais restrito. Então tivemos de fazer algumas adaptações. Contei como foi nesse post: http://meufilhocao.com.br/adaptar-rotina-do-cao-para-o-nascimento-do-bebe/ Pra gente funcionou bem porque foi gradual. Na minha opinião, as famílias têm de se preparar e mudar tudo o que for necessário. A chegada de um bebê é por si só muito exaustiva, especialmente para as mães. Se não houver as adaptações necessárias, é problema na certa. Fazendo de maneira gradual ninguém sofre, nem humanos, nem cachorros.
Blog Mãe de Cachorro: Conte um pouco da rotina da família e da interação das suas três crianças.
Angélica: A integração foi promovida desde antes deles se encontrarem pela primeira vez. Enquanto estávamos na maternidade e nos primeiros dias em casa sem eles (ficaram hospedados na casa dos meus pais nesse período e por volta de três dias da nossa chegada em casa, retornaram), mandamos para os meus pais os paninhos com o cheiro dela. O Theo é apaixonado por ela. Acho que inicialmente ele achou que literalmente ela era uma extensão de mim, rsrs. Já o Toddy, teve reservas. Não interagia e até se afastava e bufava quando ela chorava. Não forçamos nada. Os três tiveram o tempo deles para se adaptar.
Entrevista com a mamãe do Meu Filho Cão
O que nunca falei, e que sempre penso q deveria fazer um post especificamente sobre isso, é que achei o período bebê e recém-nascido muito mais fácil na relação entre eles do que na fase dos primeiros passos, em torno do primeiro ano de vida da Duda. O Theo e o Toddy são muito agitados. Latem e correm sempre que ouvem algo no portão e ao começar a andar, os bebês além de serem instáveis, não têm noção espacial. Eu tinha um mini-infarto cada vez que eles saíam correndo e ela estava no caminho. Involuntariamente acabei criando um medo nela por conta dessa situação. Então tive de dessensibilizá-la. Primeiro separando um pouco eles. No horário de maior agito, que é de manhã, eles ficavam da cozinha pra fora e à noite entravam na sala e interagiam com ela no sofá. O que ocorreu é que eu não estava preparada para esse momento, ao contrário dos primeiros meses, mas tive serenidade para corrigir o que estava fazendo de errado e harmonizar de novo.
Hoje a rotina é tranquila quanto à mobilidade dos três pela casa, pois ela já anda bem e tem noção espacial. O único momento em que são separados é na hora das refeições. Na verdade, ela até acompanha as refeições dele, quando aproveito sempre para reforçar que ela não deve mexer com eles nesse momento, mas eles não acompanham a dela porque tenho imensa dificuldade de evitar um “ataque” à deliciosa comida de bebê. Até tentei fazer um treino, mas acabei desistindo, já que muitas vezes o ato de dar comida pra ela é um momento complexo.
Os cães têm acesso a todos os brinquedos dela e raramente pegam algo. Acho que só as bolinhas chamavam a atenção deles, mas eu os deixava pegar e ensinava que todos os brinquedos têm de ser divididos. Só acontecia algum estresse quando eles a destruíam (risos!), mas nada demais. Hoje ela não curte mais bolinhas e os outros brinquedos não chamam a atenção deles, que preferem brincar explorando o quintal e jardim.
Agora, realmente aconteceram coisas engraçadas como:
- A primeira palavra que ela vocalizou foi au au
- Ela já jogou a água do pote deles na cabeça
- Colocou ração na boca
- Passou a mão no cocô de cachorro filhote que hospedamos
- Já tirou comida da boca e deu na boca deles
- Adotou bolinhas deles e vice-versa
- Deitou na cama deles e gostou
Blog Mãe de Cachorro: A pergunta que não quer calar: após o nascimento da Duda, a mãe de cachorro também é mãe?
Angélica: Claro que é! Para mim, o papel de mãe vai além da relação biológica humana/humano. Ele é primordialmente criado pelo vínculo afetivo. Ou seja, se você sente esse elo como eu e se assume como mãe daquele peludo, pois sim, é mãe. O que difere a maternidade de humanos da maternidade de cachorros, na minha opinião, é a complexidade da criação. Criar humanos é infinitamente mais complexo do que criar cachorros, o que é óbvio, pois os humanos são animais mais complexos. Mas cada uma das maternidades tem seus desafios e exige dedicação. Se você está disposta a fazer o melhor, tudo dará certo.
Entrevista com a mamãe do Meu Filho Cão
Blog Mãe de Cachorro: O que mudou sobre a percepção que você tinha para responder a esta pergunta?
Angélica: Nada. Eu já tinha consciência de que eram maternidade diferentes. O que me surpreendeu, na verdade, foi o tempo de retomada à rotina que tínhamos anteriormente. Acreditava que depois de uns seis meses de vida de Maria Eduarda, já conseguiria ter a mesma rotina de passeios, treinos e atividade que tinha com eles, porém não aconteceu. Acho que até pouco tempo atrás, estava totalmente absorta na criação da pequena humana, que pra mim se demonstrou ainda mais complexa do que eu imaginava. Me peguei tendo uns momentos de culpa em relação a eles, mas depois compreendi que se tratava de um período e é isso, agora já voltei a ter um tempo de dedicação maior aos garotos. E tá tudo bem!
Blog Mãe de Cachorro: Você gostaria de mandar algum recado para nossas/os leitoras/es e seguidoras/es a respeito do tema ‘maternidade’?
Angélica: Se prepare. Não romantize e muito menos ignore as necessidades de seu cachorro, tratando-o como objeto. Ele tem necessidades específicas, que devem ser conhecidas e respeitadas. Ser mãe, seja de cachorros ou de humanos, tem suas dificuldades sim. O amor não “resolve tudo”, como dizem. Na verdade ele é a mola propulsora pra termos forças pra enfrentar os momentos difíceis e criar essas criaturas da melhor maneira possível.
Aliás, quero até colocar que a criação do (site) Meu Filho Cão foi muito com esse propósito de compartilhar as delícias e dificuldades de ser mãe de cachorro (e se você quer ser chamada de tutora, dona, proprietária, beleza), o importante é que saiba que ao adotar um cachorro (não aceito mais a ideia de comprar um) você estará responsável por toda a vida dele. Criar juntamente cachorros e crianças é também uma experiência incrível, que faz muito bem a ambos, mas que tem seus desafios.
Em relação aos cachorros, quando eu digo “se prepare” é no sentido de se cercar de informações sobre comportamento animal e adestramento. Ao conhecer essa área da ciência, minha relação com eles se transformou. Tive a sorte de logo ao adotar minha primeira cachorrinha (DJ, já falecida), me deparar com o adestramento positivo e conhecer uma especialista incrível chamada Juliana Nishihashi, que muito me ensinou sobre como usar técnicas baseadas no respeito na relação com o animal para melhorar minha convivência com eles. Recomendo!
Entrevista com a mamãe do Meu Filho Cão
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