Polícia norte-americana usa labradores para encontrar celulares, cartões de memórias e outros eletrônicos Às vezes, o pior inimigo de quem comete um crime pode ser um labrador.
Pelo menos no caso dos criminosos do condado de Westchester, em Nova York, onde uma labradora de dois anos, com seu treinador policial, descobriu uma câmera digital e quatro celulares escondidos em um apartamento de dois irmãos investigados por posse de materiais explosivos.
Os equipamentos eletrônicos serão usados como evidência no caso em que Christian e Tyler Toro foram presos pelo FBI.
Com um projeto que começou em 2012, a polícia norte-americana tem usado cães farejadores na busca por materiais eletrônicos. A procura por celulares, computadores e pendrives ajuda a resolver crimes de terrorismo, pornografia infantil, financeiro, entre outros.
A labradora do caso com explosivos chama-se Harley e foi treinada para farejar e identificar equipamentos eletrônicos, como celulares, câmeras, chips e cartões de memória. Ela é só um dos cachorros da divisão de dispositivos de armazenamento eletrônico dos Estados Unidos.
“Ela encontra eletrônicos colados na parte de trás de móveis, escondidos em soquetes ou até mesmo colocados debaixo de tábuas do piso, que demorariam muito para ser encontrados por detetives”, comentou Kieran O’Leary, da polícia da polícia de Westchester, ao jornal local Iohud.
Projeto começou em 2012
O programa de treinamento de cachorros para rastreamento de eletrônicos começou em 2012, quando um major da Polícia Estadual de Connecticut quis saber se era possível treinar cães para encontrar esse tipo de material. Na época, a equipe procurou Jack Hubbal, um químico do laboratório forense da polícia. Após examinar os discos rígidos, pen-drives, cartões de memória e outros tipos de eletrônico, o profissional encontrou uma placa de circuito presente em todos eles. Hubbal identificou um composto químico usado para resfriar o circuito de todos os eletrônicos analisados. No caso de CDs, DVDs e Blu-Rays, outro composto comum foi encontrado. Durante cinco semanas, a equipe policial treinou dois labradores da polícia para identificar os produtos pelo cheiro através de um sistema de recompensa.
Químico usado para resfriar placa de discos rígidos, computadores e outros eletrônicos foi usado no treinamento dos cães
A escolha do cachorro
Em geral, como explica Ricardo Tamborini, especialista em comportamento animal, labradores, beagles e pastores-belga são utilizados em trabalho de faro por conta de seu instinto para caça. “O cão de faro não pode ser apático, precisa ser um cão pilhado, porque quanto mais energia tiver, mais ele vai querer trabalhar”, diz o adestrador.
Depois disso, eles passam mais seis semanas ensinando os cães a se comunicarem com o treinador, para que seja possível saber quando eles encontram algum eletrônico.
No caso dos eletrônicos, foi necessário trabalhar com os cães uma resposta passiva, para que eles não arranhassem o local ou latissem quando encontrassem algo.
Nesses casos em que a resposta passiva é esperada, brinquedos não costumam ser a recompensa pelo trabalho do animal, já que deixam o animal agitado. “A comida acalma o cachorro e trás o foco para o trabalho”, conta Tamborini.
Assim, os cães de Connecticut foram treinados com uma dieta de recompensa. “Geralmente, o treinamento de faro é feito antes da alimentação, então o petisco é uma recompensa, mas a refeição depois também é uma espécie bonificação de pelo trabalho do animal”, diz o especialista.
Combate à pornografia infantil
Após completarem os treinamentos, um dos labradores de Connecticut, Thoreau, foi trabalhar com a polícia do Estado de Rhode Island em 2013. Já Selma foi colocada na divisão de crimes cibernéticos da polícia de Connecticut.
Até agora, ela já trabalhou em mais de 100 casos, a maior parte deles, investigações de pornografia infantil.
Depois do sucesso com os dois primeiros cães, a polícia do Estado de Connecticut começou o primeiro treinamento oficial dos Estados Unidos para desenvolver labradores capazes de encontrar dispositivos eletrônicos de armazenamento de dados.
Na primeira “turma”, cinco labradores foram treinados. A primeira edição do projeto da polícia de Connecticut não cobrou pelo treinamento de policiais e cachorros, mas eles já sinalizaram que isso pode mudar caso o programa se amplie e os orçamentos locais diminuam.
Fonte de entrevista no Brasil: Ricardo Tamborini – Adestrador e especialista em comportamento canino
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