Um ano após os primeiros casos de coronavírus no Brasil, a mudança de rotina ainda afeta humanos e também os animais de estimação.
Agora, quando o país vive o pior momento da pandemia e muitas cidades adotam medidas mais restritivas, a orientação é sair de casa apenas se for realmente necessário.
Para os animais, a redução de passeios e das atividades físicas podem resultar em estresse. O home office e a presença mais constante da família dentro de casa também acarretam efeitos negativos na saúde física e mental do pet.
O peludo pode desenvolver quadros de ansiedade e depressão. Falta de apetite, prostração, recusa em brincar e agressividade repentina são alguns dos sintomas de que algo não está bem.
O trabalho remoto e a convivência com a família por mais tempo pode afetar a alimentação. Petisco oferecido com moderação não é vetado, mas o tutor deverá agir se o animal começar a pedir comida além do normal.
A mudança na rotina começou no ano passado, com a chegada da Covid e a imposição de distanciamento social. Os passeios se tornaram mais curtos, e, com o home office, o pet passou a ter o tutor sempre por perto —cães adoraram essa companhia, mas gatos talvez nem tanto, incomodados com a movimentação na casa.
Mas as medidas foram afrouxadas com o tempo, e o tutor voltou a sair mais. Agora, o crescente número de casos e mortes impõe a necessidade de maior isolamento. Porém, a esperança da vacinação e da retomada deixam o alerta: daqui a algum tempo, animais voltarão a ficar mais sozinhos em casa e podem desenvolver ansiedade de separação.
Frederico Fontanelli Vaz, coordenador do curso de medicina veterinária das Faculdades Anhanguera de São Bernardo do Campo e Pirituba (SP), afirma que o pet pode apresentar latidos constantes, arranhar e morder móveis e objetivos, urinar e defecar fora do lugar de costume.
“Esses comportamentos alterados podem ser inconvenientes tanto para os tutores como para os vizinhos, mas o animal é o mais afetado diretamente, podendo em alguns casos desenvolver automutilação, por exemplo, mordendo a própria pata ou o rabo. Além disso, podem acontecer também situações em que há a falta de apetite, perda ou ganho de peso excessivo, alterações dermatológicas e supressão da imunidade, que pode abrir portas para infecções e surgimento de doenças, tudo isso reflexo do estresse da separação”, diz.
Dar carinho sempre, mas evitar mimos excessivos –como ficar com o pet no colo o tempo todo– pode ajudar o animal quando os tutores tiverem que voltar à rotina externa.
Por ora, com as medidas adotadas para conter o vírus e os apelos para que a população fique em casa, tutor deve continuar atento a passeios reduzidos —longe de aglomerações— e higienização das patinhas do cachorro.
No entanto, cães e gatos precisam se manter ativos física e psicologicamente para serem saudáveis.
O especialista em comportamento canino Ricardo Tamborini, já afirmou ao blog que o confinamento leva a tédio e estresse. A destruição de objetos em casa é uma das possíveis consequências. Além disso, cachorro lambendo demais a pata é sinal de ansiedade.
Brincadeiras em casa podem ajudar o peludo a superar essa situação.
São várias as formas de entreter o animal: jogar bolinha, esconder o brinquedo, treinos de sentar, deitar e rolar e até investir em enriquecimento ambiental, com brincadeiras e brinquedos recheáveis e inteligentes, que incentivem o pet a descobrir como obter a comida.
Vaz também aposta nesse tipo de atividade para quando a situação melhorar e os tutores puderem sair de casa com mais frequência.
“Se os animais vão passar muito tempo sozinhos, é interessante investir em enriquecimento ambiental. Objetos e estruturas que promovam desafios e atividades alimentares, sensoriais, físicas e mentais são uma opção”.
Estimular a independência e reforçar positivamente bons comportamentos enquanto estiver junto ao pet são outras dicas importantes. “Acostumar os cães, principalmente, a ficarem sozinhos, com saídas rápidas e graduais enquanto se divertem com os elementos de enriquecimento ambiental aplicados pelo tutor gera bons resultados”, afirma o veterinário.