Cuidado ao levar seu cão em parques e cachorródromos

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Um dos movimentos para cães mais legais na cidade de São Paulo são os parques e praças cercados. Neles, você pode levar seu cão e soltá-lo para que ele possa brincar tranquilo, correr e gastar toda sua energia. Mas a falta de cuidado e atenção dos tutores podem colocar um ponto final nesta diversão.

Semanalmente eu frequento a Praça Ayrton Senna, na região do Paraíso, em São Paulo. Além de levar minha cachorrinha Aurora, costumo levar a Pérola, minha cliente. Também indico o local para diversos casos que atendo. Além de ser uma praça cercada, há um espaço exclusivo para cães. Dividido em pequeno e grande porte.

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É muito importante ter espaços como este, para que os cães possam socializar, aprender a linguagem canina, brincar e gastar energia. Este não é o único de São Paulo. Cada vez mais áreas estão sendo revitalizadas para os cães. Com o aumento da população, é natural que seus tutores busquem mais essa alternativa de diversão e passeio.

A grande questão é a falta de atenção e compreensão da linguagem dos cães por parte dos tutores. Além de encontrar diversas fezes pelos espaços, observamos cães “sem donos”. Alguns tutores aproveitam esses espaços para deixar seu peludo e ler, conversar, até dar uma volta no parque, enquanto seu cão se diverte sozinho.

Exatamente nesta hora de desatenção que rola aquele cocozinho e ninguém vê (e nem recolhe). Ou pior, acontece uma confusão ou briga. Se observado desde o início, que algo não está bem, o tutor pode chamar seu cão e evitar qualquer tipo de estranhamento. Mas quando ninguém está olhando, bastam alguns segundos para o caos canino ser instaurado.

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Isso acontece devido a diferença de linguagem corporal e falta de socialização dos cães. Quando juntamos muitos cães, não aparentados ou que não se conhecem, em um espaço reduzido, a tendência é disputa por recurso, seja ele bolinha, petisco, território ou a atenção do tutor. Por isso, a indicação é evitar ao máximo levar brinquedos ou petiscos, caso o seu cão não goste de dividir as coisas com estranhos.

Caso Armani

Foto: Luciana Alvarenga

O ItPet Armani (@armani_viralata), um vira-lata de 11kg, tem 4 anos e meio. Ele está acostumando a frequentar o Parque do Ibirapuera desde os 5 meses. Em um domingo, por volta das 9:30h, perto da praça do porquinho, Armani estava solto, brincando e correndo, como sempre fez. Enquanto isso, um tutor brincava de bolinha com seu cão, também vira-lata de porte médio.

Armani, super sociável, está acostumado a frequentar parques, cachorródromos, e eventos caninos. Sempre muito ativo e brincalhão, passou correndo ao lado do cão. Este avançou no Armani, achando que ele fosse pegar a bolinha. Armani tentou se defender, mas sem morder. Nisso, o outro cão pegou a orelha do Armani. O tutor, sem preparo, tentando resolver a briga, puxou o seu cão pela coleira. Com essa atitude, o cão levou junto uma parte da orelha do Armani. Sem prestar socorro, o tutor saiu com o cão embaixo do braço, já que não tinha guia.

As pessoas presentes no parque, que acompanhara o incidente, não se envolveram. Com isso, a produtora de moda, Clarissa de Azevedo Pinheiro, tutora do Armani, só percebeu o estrago depois. Sangrando muito, Armani precisou ser levado ao pronto socorro veterinário, para fazer curativo. Com receita de antibiótico e anti-inflamatório, todos foram para casa.

Clarissa, com receio, passou mais de uma semana sem frequentar o Parque do Ibirapuera. Para garantir um pouco mais de segurança, foi em uma segunda-feira pela manhã. Ao visualizar um border collie brincando com graveto, Armani desviou do cão. Mas fora isso, o comportamento foi normal. Clarissa ainda está estressada e apreensiva de como será no próximo final de semana, feriado, ao levar o cão no mesmo local. “Vou ficar bem tensa, sim. Eu fiquei com medo e traumatizada. O Armani está muito mais tranquilo que eu”.

Foto: Clarissa de Azevedo Pinheiro

Ella e Cris

A dupla Ella Fitzgerald (uma sharpei cinza) e Cris Berger (jornalista e autora do Guia Pet Friendly) não se desgrudam em nenhum momento. O grande momento e diversão das duas era frequentar parques e praças, para que a Ella pudesse correr e gastar sua energia.

Foto: Cris Berger

Em um sábado à tarde, a dupla foi a Parque Ibirapuera, na área dos cães soltos. Mesmo com o tempo feio, Cris não deixou sua companheira canina em casa. Resolveram dar uma volta antes da chuva.

Ella foi simplesmente cheirar um cão da raça border collie, como ela sempre faz com todos os cães. A Cris ouviu algo, como uma discussão canina. Porém, quando olhou, a Ella já estava feliz, brincando. Só percebeu o ocorrido, quando alguém avisou que a Ella estava sangrando. No mesmo momento, a Cris levou a cadela para o pronto socorro mais próximo ao parque. Ella teve que tomar 30 pontos entre cabeça e bochecha. O tutor do border collie? Fingiu que não era com ele e saiu de fininho. “Talvez o border estivesse com uma bolinha na boca e isso iniciou a confusão. Não posso afirmar. O grande problema é que tem alguns elementos que deixam os cães loucos. Quando tem uma bolinha ou um brinquedo, por exemplo” relembra Cris.

Após esse evento, Cris continuou a frequentar parques e todos os locais pet friendly, mas muito mais atenta. Se percebe que um cão não está muito afim de brincar, Cris já afasta Ella da situação. “Ella não aprendeu a linguagem de quando o cão não está afim de brincar”. Hoje, Cris evita deixar a Ella solta no parque. Prefere frequentar área menores, na guia. “No parque, com eles soltos, pode acontecer com mais frequência” aponta.

Foto: Cris Berger

Acostumada a encontrar muitos tutores e seus cães, Cris observa: “os donos precisam entender que não são todos os cães que podem frequentar todos os lugares. E observar quais são os gatilhos que fazem o cão ficar mais reativo ou não”.

Outro dia, no cachorródromo da Praça Pereira Coutinho, no bairro da Vila Nova Conceição, em São Paulo, um cão jogou a Ella no chão e ficou sobre ela. Em poucos segundos a situação se resolveu, pois os tutores de ambos os chamaram e sessou a futura discussão. Se fosse uma outra pessoa, um tutor despreparado ou que não estivesse atento, talvez o problema fosse bem pior.

Agora Cris está muito mais atenta. “O fundamental é: não tire o olho do seu cachorro nem por um segundo”, alerta.

Dicas para frequentar parques e praças

Foto: Cris Berger

Se você nunca frequentou parques para cães, comece aos poucos.

1) Dê preferência por horários alternativos, com pouca pessoas e cães.

2) Evite levar bolinha e petisco, caso seu cão seja possessivo.

3) Fique atento para a linguagem corporal. Se perceber que ele está tenso perante outro cão, desvie a atenção dele. Chame-o e corra para o lado oposto.

4) Se seu cão rosnar, jamais vá até ele ou grite. Isso pode incentivar uma briga. Simplesmente mude a atenção dele e vá para outro espaço.

5) Ao perceber um clima “tenso” com cães pouco sociáveis ou amigos, não hesite em sair do ambiente. Mesmo que tenha acabado de chegar.

6) Em casos de dúvida ou se seu cão for reativo ou medroso, procure um profissional, para fazer a socialização adequadamente.

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