A história dramática do mamífero mais ameaçado de extinção do planeta, o rinoceronte branco do norte, pode ser reescrita por cientistas; método foi usado para produzir embriões a partir do esperma de dois machos que já morreram.
A técnica poderia ser uma maneira de “resgatar genes valiosos” de uma subespécie que já está praticamente extinta – Sudan, o último macho, morreu no começo deste ano com 45 anos. Agora, restam apenas duas fêmeas.
Os embriões não foram produzidos usando os óvulos delas, mas sim de uma subespécie próxima – os rinocerontes brancos do sul, que também estão em perigo, mas existem em número muito maior que os parentes do norte.
Mas, segundo os pesquisadores, o método que foi desenvolvido pode funcionar com óvulos dessas duas fêmeas da subespécie do norte. E, acreditam os cientistas, dentro de três anos, pode nascer um filhote 100% de rinoceronte branco do norte.
Por que fazer fertilização in vitro de rinoceronte?
A complexidade de extrair o óvulo de uma fêmea de duas toneladas, sem comprometer sua segurança, foi explicada no periódico científico “Nature Communications”.
“Você não pode tocar os ovários com as mãos. Então, nós desenvolvemos um instrumento especial”, afirmou Thomas Hildebrandt, do Instituto para Pesquisa de Zoo e Vida Selvagem de Leibniz, na Alemanha, um dos autores da pesquisa. “Nós usamos ultrassom para injetar uma agulha de maneira muito precisa (na área dos ovários que liberam) os óvulos.”
O procedimento foi realizado quando a fêmea de rinoceronte branco do sul estava sob anestesia geral. Mas o processo ainda é muito arriscado. Muito perto dos ovários, explica Hildebrandt, fica localizada uma “enorme artéria”. Uma perfuração muito provavelmente mataria o animal.
Considerando que existem apenas duas fêmeas da subespécie do norte, é um risco muito grande. Até por isso, a primeira fase da pesquisa foi feita com a subespécie do sul.
Depois que os óvulos foram retirados com segurança, a equipe de cientistas teve o desafio de fertilizá-los com o esperma dos rinocerontes brancos do norte machos – animais que já morreram. Os pesquisaores injetaram o esperma em cada óvulo e usaram uma corrente elétrica para estimular que eles se fundissem.
O resultado foi a obtenção de embriões viáveis. “Ninguém acreditou que houvesse esperança para essa subespécie”, diz Hildebrandt. “Mas com o conhecimento que temos agora, nós estamos confiantes de que isso vai funcionar com os embriões de rinoceronte branco do norte. E que nós poderemos gerar uma população viável.”
Isso pode trazer de volta o rinoceronte branco do norte?
Os pesquisadores acham que sim. Outros cientistas que têm se envolvido em esforços para salvar o animal concordam que esse é um passo importante.
Já Terri Roth, do Zoológico de Cincinnati, acha que a expectativa dos cientistas por um novo filhote de rinoceronte branco do norte dentro de três anos é otimista demais.
“A transferência do embrião (para outra fêmea que será a barriga de aluguel) ainda está engatinhando. E ainda não foi bem sucedida em nenhuma espécie de rinoceronte”, afirmou à BBC News.
“E há apenas duas fêmeas de rinoceronte branco do norte vivas hoje. Qualquer embrião produzido hoje provavelmente precisaria ser congelado até que uma barriga de aluguel possa ser encontrada.”
Por que só restam apenas duas fêmeas de rinocerontes branco do norte?
A caça aos animais é a maior ameaça aos rinocerontes. “A forma mais eficaz de salvar os rinocerontes da extinção é interromper a caça. Porém, isso tem se mostrado muito difícil”, afirma Roth para a BBC News.”No final dos anos 1990, até a espécie do rinoceronte branco do norte tinha uma chance de se recuperar. Porém, uma guerra civil irrompeu na República Democrática do Congo e todos os rinocerontes foram mortos.”
A perda de habitat é outra ameaça aos rinocerontes. Os especialistas engajados na preservação desses grandes mamíferos afirmam que a criação de parques estatais e reservas são essenciais para preservação dos animais remanescentes.
“É importante que a gente aprenda com a dramática situação do rinoceronte branco do norte. E garanta que, o que ocorreu com ele, não se repita com outras espécies ameaçadas”, afirma Roth.
“Por mais incrível que a ciência seja, nós não devemos chegar a tal ponto que essas tecnologias sejam a única esperança para salvar as espécies”, acrescenta.
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